Os Crimes da Rua Morgue , livre ebook

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No conto "Os Crimes da Rua Morgue" ("The Murders in the Rue Morgue"), Edgar Allan Poe conta a história do assassinato brutal de duas mulheres em Paris. Envolto em mistério, o crime tornou-se um grande desafio para a polícia, sendo desvendado apenas por Auguste Dupin, um homem tão enigmático quanto os assuntos dos quais se ocupa. Publicado pela primeira vez em 1841 na "Graham's Magazine", o texto inaugurou a linhagem do conto policial moderno, inspirando outras histórias de detetives que surpreendem interlocutores atentos com o brilhantismo da inteligência dedutiva.
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Publié par

Date de parution

11 novembre 2017

Nombre de lectures

6

EAN13

9789897780905

Langue

Português

Edgar Allan Poe
OS CRIMES DA RUA MORGUE
As faculdades de esp í rito que se definiram pelo termo « anal í ticas » s ã o elas pr ó prias muito pouco suscet í veis de an á lise. N ã o as apreciamos sen ã o pelos seus resultados. O que sabemos, entre outras coisas, é que elas s ã o para aquele que as possui num grau extraordin á rio uma das mais intensas fontes de prazer. Do mesmo modo que o homem forte se regozija com a sua aptid ã o f í sica e se compraz com os exerc í cios que p õ em os seus m ú sculos em a çã o, a an á lise orgulha-se desta atividade espiritual cuja fun çã o é a de discernir. Sente mesmo prazer nas ocasi õ es mais triviais em que p õ e o seu talento em jogo. Apaixonam-no os segredos, enigmas figurados, hier ó glifos. Manifesta em cada uma das solu çõ es uma forte perspic á cia, que vulgarmente assume um car á ter sobrenatural. Os resultados habilmente deduzidos pelo pr ó prio esp í rito e ess ê ncia do seu m é todo revelam realmente intui çã o.
Esta faculdade de « resolu çã o » é talvez baseada num estudo intenso das matem á ticas e, em particular, no mais elevado grau desta ci ê ncia, que muito impropriamente e devido simplesmente à s suas opera çõ es retr ó gradas se designou an á lise, como se ela tosse an á lise por excel ê ncia. Porque, em suma, todo o c á lculo n ã o é em si uma an á lise.
Um jogador de xadrez, por exemplo, faz perfeitamente uma coisa sem a outra, pelo que se deduz que este jogo n ã o é devidamente apreciado quanto aos seus efeitos sobre o esp í rito.
N ã o quero escrever um tratado de an á lise, mas apenas p ô r em evid ê ncia, no in í cio de um singular relato, algumas observa çõ es apanhadas aqui e ali e que lhe servir ã o de pref á cio.
Aproveito, portanto, esta ocasi ã o para proclamar que o grande poder de reflex ã o é bem mais ativo e mais utilmente explorado pelo modesto jogo de damas que por toda a laboriosa futilidade do xadrez. Neste ú ltimo jogo em que todas as pedras s ã o dotadas de movimentos diversos e estranhos, e representam valores diferentes e variados, a complexidade é tomada — erro bastante comum — por profundidade. A aten çã o é o principal neste jogo.
Se enfraquece por um instante, comete um grande erro, do qual resulta uma perda ou uma grande derrota. Como os movimentos poss í veis n ã o s ã o somente variados, mas desiguais em « pot ê ncia » , as oportunidades de semelhantes erros s ã o m ú ltiplas; em nove de dez casos é o jogador mais atento que ganha e n ã o o mais h á bil.
Nas damas, pelo contr á rio, em que o movimento é simples e n ã o sofre sen ã o poucas varia çõ es, as probabilidades de inadvert ê ncia s ã o muito menores, e a aten çã o n ã o sendo absoluta e completamente monopolizada, todas as vantagens alcan ç adas por cada um dos jogadores n ã o podem ser adquiridas sen ã o por uma perspic á cia superior.
Para p ô r de parte essas abstra çõ es, suponhamos um jogo de damas em que a totalidade das pe ç as seja reduzida a quatro « damas » , e onde naturalmente n ã o h á ocasi ã o de se entregar a distra çõ es. É evidente que a vit ó ria n ã o pode ser decidida — se as duas partes s ã o absolutamente iguais — sen ã o por h á bil t á tica resultante de qualquer esfor ç o poderoso do intelecto. Privado de recursos vulgares, o anal í tico perscruta o esp í rito do seu advers á rio, identifica-se com ele e muitas vezes descobre num relance o ú nico meio — um meio algumas vezes absurdamente simples — de o induzir a um erro ou de o precipitar num falso c á lculo.
Por muito tempo se citou o whist pela sua a çã o sobre a faculdade de c á lculo: e conheceram-se homens de uma grande intelig ê ncia que pareciam ter um prazer incompreens í vel e desdenhavam o xadrez como um jogo fr í volo. Com efeito, n ã o h á nenhum jogo an á logo que fa ç a trabalhar mais a faculdade de an á lise. O melhor jogador de xadrez da cristandade n ã o pode nunca ser outra coisa sen ã o o melhor jogador de xadrez; mas a pot ê ncia do whist implica com o poder de vencer em todas as especula çõ es, assim como noutras importantes em que o esp í rito se debate com outro esp í rito.
Quando digo for ç a, digo esta perfei çã o ao jogo que compreende a intelig ê ncia em todos os casos, dos quais se pode legitimamente obter benef í cio.
Eles s ã o n ã o s ó diversos, mas complexos, e s ã o subtra í dos muitas vezes da profundeza de pensamentos absolutamente inacess í veis a uma intelig ê ncia vulgar. Observar atentamente é recordar-se distintamente: e, sob esse ponto de vista, o jogador de xadrez é capaz de uma aten çã o muito intensa e jogar á muito bem ao whist , porque as regras de Hoyle, baseadas elas pr ó prias num simples mecanismo do jogo, s ã o facilmente e em geral intelig í veis.
Por conseguinte, ter uma mem ó ria fiel e proceder segundo a raz ã o s ã o pontos que constituem para o vulgar o summum do bom jogador. Mas é para os casos que fogem à regra que o talento da an á lise se manifesta: faz em sil ê ncio uma infinidade de observa çõ es e de dedu çõ es. Os seus parceiros fazem outras tantas, talvez; e a diferen ç a de extens ã o nos conhecimentos assim adquiridos, n ã o permanece tanto na validade da dedu çã o, como na qualidade de observa çã o. Importa saber, sobretudo, o que é preciso observar. O nosso jogador n ã o se confina ao seu jogo, e, se bem que este jogo seja o objetivo da sua aten çã o, n ã o rejeita por isso as dedu çõ es que surgem de objetos estranhos ao jogo.
Ele examina a fisionomia do parceiro e compara-a cuidadosamente com a de cada uma dos seus advers á rios. Considera a maneira como cada um distribui as cartas; conta muitas vezes, gra ç as aos olhares que deixam escapar os jogadores satisfeitos, com os trunfos honneurs , um a um.
Repara ainda em cada express ã o fision ó mica, à medida que o jogo se desenrola e recolhe o necess á rio dos pensamentos, das express õ es variadas de confian ç a, de surpresa, de triunfo ou de mau humor. Pela forma de apanhar uma vaza, adivinha se a mesma pessoa pode fazer uma outra em seguida. Reconhece se o que foi jogado na mesa é um disfarce astucioso. Uma palavra acidental, involunt á ria, uma carta que cai ou que se volta por acaso, que se apanha com ansiedade ou imprevidentemente; o contar das vazas e a ordem com que s ã o arrumadas; o embara ç o, a hesita çã o, a vivacidade, o nervosismo. Tudo é para ele sintoma, diagn ó stico, e influi para esta perce çã o — intui çã o aparente — do verdadeiro estado das coisas. Quando se fazem as duas ou tr ê s primeiras jogadas, ele conhece a fundo o jogo que est á em cada m ã o, e pode desde ent ã o jogar as suas cartas com perfeito conhecimento de causa, como se todos os outros jogadores tenham mostrado as deles.
A faculdade de an á lise n ã o deve ser confundida com o simples engenho; porque enquanto o analista é for ç osamente engenhoso, acontece muitas vezes que o homem engenhoso é absolutamente incapaz de analisar. A faculdade de combinar, ou construtividade, que os frenologistas — erram, quanto a mim — consideram um ó rg ã o à parte, supondo que ela seja uma faculdade primordial, apareceu em seres cuja intelig ê ncia era lim í trofe da idiotice, bastantes vezes para atrair a aten çã o geral dos escritores psicol ó gicos. Entre o engenho e a aptid ã o anal í tica h á uma diferen ç a muito maior do que entre o imaginativo e a imagina çã o, mas de um car á ter rigorosamente an á logo. Em suma, ver-se- á que o homem engenhoso est á sempre cheio de imagina çã o è que o homem imaginativo n ã o passa de um anal í tico. A narrativa que se segue ser á para o leitor um coment á rio elucidativo das proposi çõ es que acabei de expor.
Morava eu em Paris — durante a primavera e uma parte do ver ã o de 18... — quando travei a í conhecimento com um certo C. Auguste Dupin. Este jovem gentleman pertencia a uma excelente fam í lia, uma ilustre fam í lia mesmo; mas, devido a imensos acontecimentos desastrosos, ficou numa tal pobreza que sucumbiram todas as energias do seu car á ter e acabou por se aventurar na vida a tentar restabelecer a fortuna. Gra ç as à cortesia dos seus credores, ficou de posse de um resto do seu patrim ó nio, e do rendimento que recebia dele, arranjou forma, devido a uma economia rigorosa, de fazer face à s necessidades da vida, sem se inquietar absolutamente nada com as coisas sup é rfluas. Os livros eram na verdade o seu ú nico luxo, e em Paris obt ê m-se facilmente.
O nosso primeiro encontro ocorreu num obscuro gabinete de leitura da Rua Montmartre, por um acaso, quando est á vamos ambos à pr

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