Os Irmãos Karamazov , livre ebook

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O último grande romance de Dostoiévski (1879-1880), terminado pouco antes da sua morte, prova, juntamente com as obras «Crime e Castigo» (1866), «O Idiota» (1868) e «Os Possessos» (1871-72), que a fase final da sua vida foi a mais produtiva. «Os Irmãos Karamazov» é uma das mais geniais criações literárias de todos os tempos. Analista rigoroso do comportamento humano, Dostoiévski analisa em detalhe o sentimento de culpa desencadeado pelo assassinato de um pai e debate de forma sublime as infindáveis dicotomias da natureza humana, revelando uma inquietação que é já a do homem moderno.
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Publié par

Date de parution

11 novembre 2017

Nombre de lectures

7

EAN13

9789897780929

Langue

Português

Fi ó dor Dostoi é vski
OS IRM Ã OS KARAMAZOV
Í ndice
 
 
 
Parte 1
Livro 1 — História de uma Família
Capítulo 1 — Fedor Pavlovitch Karamazov
Capítulo 2 — O Filho Abandonado
Capítulo 3 — Do Segundo Matrimónio e Seu Primeiro Fruto
Capítulo 4 — Aliocha
Capítulo 5 — O Presbítero
Livro 2 — Reunião Frustrada
Capítulo 1 — No Mosteiro
Capítulo 2 — O Sempre Eterno Bobo
Capítulo 3 — Mulheres Crédulas
Capítulo 4 — Uma Senhora de Pouca Fé
Capítulo 5 — O Que Virá
Capítulo 6 — Por Que Vive Semelhante Homem
Capítulo 7 — Um Jovem Aproveitado
Capítulo 8 — O Escândalo
Livro 3 — Os Sensuais
Capítulo 1 — Os Criados
Capítulo 2 — Lizaveta
Capítulo 3 — Confissão Poética de Uma Alma Apaixonada
Capítulo 4 — Confissão Anedótica de Uma Alma Apaixonada
Capítulo 5 — Confissão de Uma Alma Rolando pela Encosta
Capítulo 6 — Smerdyakov
Capítulo 7 — A Controvérsia
Capítulo 8 — Influências do Álcool
Capítulo 9 — Os Sensuais
Capítulo 10 — As Duas Mulheres
Capítulo 11 — Uma Reputação Perdida
Parte 2
Livro 4 — Incómodos
Capítulo 1 — O Padre Feraponte
Capítulo 2 — Em Casa do Pai
Capítulo 3 — Ao Sair da Escola
Capítulo 4 — Em Casa de Hohlakov
Capítulo 5 — Incómodos no Salão
Capítulo 6 — Incómodos no Cubículo
Capítulo 7 — Ao Ar Livre
Livro 5 — Prós e Contras
Capítulo 1 — Prometidos
Capítulo 2 — O Guitarrista Smerdyakov
Capítulo 3 — Os Irmãos Intimam
Capítulo 4 — Rebelião
Capítulo 5 — O Grande Inquisidor
Capítulo 6 — Momentos de Angústia
Capítulo 7 — Dá Gosto Falar com Um Homem de Talento
Livro 6 — O Monge Russo
Capítulo 1 — O Padre Zossima e os Seus Amigos
Capítulo 2 — Recordações da Juventude
Capítulo 3 — Práticas e Exortações do Padre Zossima
Parte 3
Livro 7 — Aliocha
Capítulo 1 — Hálito de Corrupção
Capítulo 2 — Momentos Críticos
Capítulo 3 — Uma Cebola
Capítulo 4 — Caná de Galileia
Livro 8 — Mitya
Capítulo 1 — Kuzma Samsonov
Capítulo 2 — Lyagavy
Capítulo 3 — As Minas de Ouro
Capítulo 4 — Nas Trevas
Capítulo 5 — Uma Decisão Súbita
Capítulo 6 — «Aqui Estou eu Também!»
Capítulo 7 — O Seu Primeiro e Digno Amante
Capítulo 8 — Delírio
Livro 9 — As Primeiras Investigações
Capítulo 1 — Os Começos da Carreira de Perkotin
Capítulo 2 — O Alarme
Capítulo 3 — As Torturas de Uma Alma: o Primeiro Testemunho
Capítulo 4 — Segundo Testemunho
Capítulo 5 — Terceiro Testemunho
Capítulo 6 — Mitya Surpreendido pelo Procurador
Capítulo 7 — O Grande Segredo de Mitya Recebido de Modo Ridículo
Capítulo 8 — Declarações das Testemunhas. A Criança de Peito
Capítulo 9 — A Prisão de Mitya
Parte 4
Livro 10 — Os Rapazes
Capítulo 1 — Kolya Krassotkin
Capítulo 2 — Crianças
Capítulo 3 — O Condiscípulo
Capítulo 4 — O Cão Perdido
Capítulo 5 — Junto de Ilucha
Capítulo 6 — Precocidade
Capítulo 7 — Ilucha
Livro 11 — Ivan
Capítulo 1 — Em Casa de Gruchenka
Capítulo 2 — O Pé Magoado
Capítulo 3 — Um Diabrinho
Capítulo 4 — Um Hino e um Segredo
Capítulo 5 — Tu, Não!
Capítulo 6 — Primeira Entrevista com Smerdyakov
Capítulo 7 — Segunda Entrevista com Smerdyakov
Capítulo 8 — Terceira e Última Entrevista com Smerdyakov
Capítulo 9 — O Diabo: o Pesadelo de Ivan
Capítulo 10 — «Disse-mo Ele»
Livro 12 — Erro Judicial
Capítulo 1 — O Dia Fatal
Capítulo 2 — Testemunhas Perigosas
Capítulo 3 — A Informação Médica e o Meio Quilo de Nozes
Capítulo 4 — A Sorte Sorri a Mitya
Capítulo 5 — A Catástrofe
Capítulo 6 — A Acusação: Rasgos Característicos
Capítulo 7 — Um Relance Histórico
Capítulo 8 — Investigação Sobre Smerdyakov
Capítulo 9 — A «Troika» Veloz. Final da Acusação
Capítulo 10 — A Defesa. Um Punhal de Dois Gumes
Capítulo 11 — Não Há Dinheiro. Não Há Roubo
Capítulo 12 — E Também Não Há Assassínio
Capítulo 13 — A Letra e o Espírito
Capítulo 14 — Os Camponeses Mantêm-se Firmes
Epílogo
Capítulo 1 — Planos de Evasão
Capítulo 2 — Por Momentos, a Mentira Troca-se em Verdade
Capítulo 3 — O Enterro de Ilucha. O Sermão de Despedida
 
Parte 1
Livro 1 — História de uma Família
Capítulo 1 — Fedor Pavlovitch Karamazov
 
 
 
Tal fama havia adquirido Fedor Pavlovitch Karamazov que, decorridos treze anos ap ó s a sua morte, de maneira sombria e tr á gica como vereis a devido tempo, ainda causa coment á rios cheios de interesse aos vizinhos da comarca onde viveu. Por agora, limitar-me-ei apenas a afirmar que este propriet á rio que n ã o dedicou um s ó dia à s suas terras era um tipo raro. N ã o porque n ã o abundem aqueles que à degrada çã o dos v í cios unam a insensatez das ideias; mas Fedor pertencia a esse grupo de isentos capazes de se aferrar obstinadamente ao interesse material dos seus neg ó cios e n ã o dedicar qualquer esp é cie de interesse a tudo o resto. Come ç ou com quase nada e com uma posi çã o das mais modestas; mas impondo a sua presen ç a em casa dos vizinhos e conquistando com arte um lugar à s mesas postas, amontoou os cem mil rublos que, em moedas, foram encontrados em arcas aquando da sua morte. Recebeu sempre as honras dispensadas aos homens mais extravagantes e fant á sticos de uma regi ã o. Dissemos que n ã o era tolo, j á que muito astutos e inteligentes s ã o estes indiv í duos fantasiosos; mas era caracterizado por essa insensatez peculiar do russo que possui uma manifesta çã o pr ó pria.
Casou duas vezes e teve tr ê s filhos: um, Dmitri, o mais velho, da primeira mulher, e dois, Ivan e Alexey, da segunda. A primeira esposa, Adelaide Ivanovna, pertencia à fam í lia dos Miusov, uma das mais nobres e opulentas, e dona de consider á vel extens ã o do nosso territ ó rio. N ã o tentarei explicar como foi poss í vel que uma rica herdeira, que à sua formosura unia a fortaleza de esp í rito e intelig ê ncia t ã o comuns à s jovens de hoje, mas que, naqueles tempos, eram um dom raro, contra í sse matrim ó nio com um aldrab ã o t ã o desprez í vel, como todos apelidavam o marido.
Sei de uma jovem da gera çã o « rom â ntica » que, depois de longos anos passados a esconder um amor enigm á tico, deu em maquinar obst á culos insuper á veis à uni ã o com o objeto dos seus amores, de quem poderia ter feito seu esposo com toda a facilidade, e acabou por se lan ç ar, numa noite tempestuosa, do alto de um precip í cio em cujo fundo rugia a corrente caudalosa de um rio. Matou-se para satisfazer assim uma emula çã o caprichosa de Of é lia shakespeariana. Mas se o precip í cio, paragem predileta dos seus sonhos, fora menos pitoresco ou o rio deslizasse por uma margem plana e mon ó tona, certamente o suic í dio n ã o se teria consumado. O caso é ver í dico e poderia acrescentar acontecimentos an á logos nas duas ou tr ê s gera çõ es passadas. O de Adelaide Ivanova pode contar-se entre os desta natureza. Deveu-se, sem d ú vida, a influ ê ncias estranhas, ao prurido de ostentar a independ ê ncia dos seus atos e pensamentos, rebelando-se contra os preconceitos de casta e o despotismo do lar, e talvez a uma imagina çã o cheia de arrojo feminino que lhe apresentava Fedor Pavlovitch, com os seus defeitos de parasita, como um exemplo desses homens ousados e mordazes que lhe pareciam o sumo do progresso, embora na realidade n ã o passasse de um impostor malicioso. O mais picante de tudo e o que exaltou de sobremaneira a fantasia da jovem foi a fuga com que iniciaram o casamento.
A prec á ria situa çã o de Fedor Pavlovitch impedia-o de empreender qualquer coisa nessa altura e ansiava com toda a sua alma por alcan ç ar uma posi çã o desafogada, sem olhar a meios.
Juntar-se a uma fam í lia rica, embolsando um belo dote, era solu çã o demasiado atraente para que pudesse resistir-lhe; pois que amor parecia n ã o haver entre ambos. Mas a noiva era muito bela e ele possu í a um temperamento voluptuoso que o levava a perseguir as « saias » com uma const â ncia digna de Don Juan.
Logo ap ó s o arrebatament

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