O Idiota , livre ebook

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2017

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Publicado por volta de 1868-1869, «O Idiota» é, porventura, o mais perfeito dos cinco grandes romances de Dostoiévski - na composição, no estilo, no aprofundamento dos personagens. Foi também, de todos os romances do autor, o mais incompreendido na sua época. Dostoiévski pretende, segundo as suas próprias palavras, «criar a imagem do homem positivamente bom», uma encarnação da beleza, da bondade e da humildade, figura de herói entre Dom Quixote e Cristo, mostrando o que pode acontecer a um homem assim, em contato com a realidade.
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Publié par

Date de parution

11 novembre 2017

Nombre de lectures

5

EAN13

9789897780936

Langue

Português

Fi ó dor Dostoi é vski
O IDIOTA
 
 
 
Í ndice
 
 
 
Parte 1
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Parte 2
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Parte 3
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Parte 4
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Conclusão
 
Parte 1
 
Capítulo 1
 
 
 
Eram aproximadamente nove horas da manh ã : estava-se no fim de novembro, por um tempo de degelo. O comboio de Vars ó via chegava a todo o vapor a S. Petersburgo. A humidade e o nevoeiro eram tais, que o dia a custo conseguia romper; a dez passos à direita ou à esquerda da via f é rrea era dif í cil distinguir, fosse o que fosse, pelas janelas das carruagens. Entre os viajantes havia alguns que regressavam do estrangeiro; todavia, dos compartimentos de terceira classe, os mais repletos, a gente modesta que os ocupava, n ã o vinha de muito longe. Todos, naturalmente, estavam fatigados e transidos de frio; tinham os olhos pesados, devido a uma noite de ins ó nia, e o rosto refletia a palidez amarelenta do nevoeiro.
Num dos compartimentos de terceira classe encontravam-se sentados, em frente um do outro, junto à mesma janela, desde o romper do dia, dois viajantes. Eram ambos novos, vestidos ligeiramente e sem eleg â ncia; os seus tra ç os fision ó micos eram dignos de aten çã o e ambos sentiam desejos de encetar conversa. Se cada um deles soubesse que o da frente oferecia de singular na ocasi ã o, ficaria, sem d ú vida, admirado do estranho acaso que os colocara em frente um do outro, numa carruagem de terceira classe, no comboio de Vars ó via.
Um deles era de pequena estatura e podia ter vinte e sete anos; os cabelos eram crespos e quase pretos, e os olhos castanhos e pequenos, mas cheios de vida. O nariz era chato e as ma çã s do rosto salientes; os l á bios delgados esbo ç avam continuamente um sorriso impertinente, ir ó nico e at é mesmo mau. Por é m o rosto comprido e bem modelado atenuava a impress ã o desagrad á vel que o resto do seu todo produzia. O que sobretudo chamava a aten çã o era a palidez cadav é rica do rosto. Ainda que fosse de constitui çã o bastante robusta, essa palidez dava-lhe, ao conjunto da fisionomia, um ar de esgotamento e, ao mesmo tempo, discernia-se nele qualquer coisa de apaixonado e tamb é m de doloroso, que contrastava com a insol ê ncia do seu sorriso e a fatuidade provocante do seu olhar. Muito bem embrulhado numa larga pele de carneiro preto, bem forrada, n ã o havia sentido o frio, ao passo que o seu vizinho tinha sentido arrepios na espinha, devido ao frio daquela noite de outono russo, ao qual n ã o parecia habituado.
Este ú ltimo tinha com ele uma grossa manta, munida de um grande capuz e sem mangas, vestimenta no g é nero daquelas que usam no inverno os viajantes que visitam a Su íç a ou a It á lia do norte. Por é m o que é bom para viajar na It á lia, n ã o conv é m ao clima da R ú ssia, e ainda menos para um trajeto t ã o longo como aquele que separa Eydtkuhnen de S. Petersburgo.
O dono desta manta era tamb é m um rapaz de vinte e seis a vinte sete anos. De estatura um pouco acima do normal, tinha uns cabelos castanhos e espessos, as faces cavadas e uma barba em ponta, t ã o clara, que parecia branca. Os olhos eram grandes e azuis; a fixidez da sua express ã o tinha qualquer coisa de terno e inquietante, e o seu estranho reflexo revelaria um epil é tico para certos observadores. Finalmente o rosto era agrad á vel e os seus tra ç os um pouco delicados, mas parecia p á lido e naquele momento at é azulado, talvez devido ao frio. Tinha nas m ã os um pequeno embrulho, envolvido num velho pano de cor duvidosa e que constitu í a provavelmente toda a sua bagagem. Trazia cal ç ados uns sapatos de solas grossas e sobre estes umas polainas, o que n ã o era moda na R ú ssia.
O seu vizinho, o homem da pele de carneiro, havia examinado todos estes detalhes, um pouco por desfastio. Acabou por o interrogar, entretanto que o seu sorriso exprimia a satisfa çã o indiscreta e mal contida, que todo o homem sem educa çã o experimenta ante a mis é ria do pr ó ximo.
— Est á com frio?
Com um movimento de ombros esbo ç ou um arrepio.
— Oh, sim! — respondeu o interpelado com uma extrema complac ê ncia. — E repare que estamos no degelo!... Que faria se estivesse a gelar!... Seria um frio cortante. N ã o imaginei que fizesse tanto frio no nosso pa í s. J á perdi o h á bito deste clima.
— Vem ent ã o do estrangeiro?
— Sim, venho da Su íç a.
— Oh, diabo! Vem de longe!
O jovem dos cabelos pretos assobiou e p ô s-se a rir. A conversa continuou. Com uma condescend ê ncia de admirar, o outro jovem, o da manta su íç a, respondeu a todas as perguntas do seu interlocutor, sem parecer aperceber-se do car á ter ocioso e fora de prop ó sito de algumas dessas perguntas, nem do tom negligente como algumas delas eram feitas, Explicou, principalmente, que havia passado mais de quatro anos fora da R ú ssia, para onde o tinham mandado a fim de se tratar de uma doen ç a nervosa bastante singular, no g é nero das epilepsias ou da dan ç a de S. Guido, que se manifestava por tremores e convuls õ es. Estas explica çõ es fizeram sorrir o seu companheiro diversas vezes, sobretudo quando lhe perguntou: « E agora est á curado? » , ao que ele respondeu:
— Oh, n ã o, n ã o me curaram.
— Ent ã o despendeu o seu dinheiro em pura perda.
E o jovem da pele de carneiro acrescentou ent ã o com amargura:
— É assim que nos deixamos explorar pelos estrangeiros!
— É bem verdade! — exclamou um indiv í duo mal vestido, que estava sentado ao lado deles, tendo mais ou menos quarenta anos e o aspeto de um escrevente de reparti çã o p ú blica; muit í ssimo robusto, exibia um nariz avermelhado no meio de um rosto cheio de borbulhas. — É muito verdade, meus senhores! — continuou ele. — É assim que os estrangeiros exploram os russos e nos tiram o nosso dinheiro.
— Oh, pelo que me diz respeito est ã o completamente enganados — retorquiu o jovem doente num tom terno e conciliador. — N ã o posso contestar o que o senhor disse, porque n ã o conhe ç o tudo quanto diz respeito a essa quest ã o; no entanto o meu m é dico, ap ó s ter pago todas as despesas por mim feitas durante perto de dois anos, ainda me conseguiu, à custa de grandes sacrif í cios, o dinheiro suficiente para poder voltar à minha terra.
— Como? n ã o tinha ningu é m que pudesse pagar as suas despesas? — perguntou o viajante de cabelos pretos.
— N ã o tinha... O senhor Paolistchev, que havia tomado o encargo de suprir a todas as minhas necessidades, durante a minha estada na Su íç a, morrera h á dois anos. Escrevi depois para aqui, à esposa do general Epantchine, minha parenta afastada, mas n ã o obtive nenhuma resposta. Foi ent ã o que me resolvi a regressar.
— E onde conta ir agora?
— Quer dizer, onde conto descer? Para lhe dizer a verdade ainda n ã o sei...
— O qu ê ? Ainda n ã o sabe?
E os dois interpelantes soltaram uma nova gargalhada.
— Esse pequeno embrulho cont é m ent ã o toda a sua fortuna? — perguntou o companheiro da pele.
— Aposto que é assim! — acrescentou o tchinovnik de nariz vermelho e um ar satisfeito. — Suponho que n ã o tem mais embrulhos de bagagem. At é ver a pobreza n ã o é v í cio, seja-me permitido dizer.
A suposi çã o dos dois homens era de facto verdadeira, e o jovem amorenado concordou com um sorriso de terna gra ç a.
Os dois deram de doto livre curso à s suas gargalhadas. O que trazia apenas o pequeno embrulho riu tamb é m, ao olhar para eles, o que fez aumentar a hilaridade destes. O funcion á rio continuou:
— O seu embrulhinho n ã o deixa de ter uma certa import â ncia. Pode-se apostar, sem d ú vida, que n ã o cont é m rolos de pe ç as de ouro, tais como napole õ es, fredericos ou ducados da Holanda. 

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