262
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Português
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2017
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Publié par
Date de parution
11 novembre 2017
Nombre de lectures
18
EAN13
9789897781124
Langue
Português
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11 novembre 2017
Nombre de lectures
18
EAN13
9789897781124
Langue
Português
Victor Hugo
O CORCUNDA DE NOTRE-DAME
Índice
Introdução
Livro 1
Capítulo 1 — A Grande Sala
Capítulo 2 — Pierre Gringoire
Capítulo 3 — O Senhor Cardeal
Capítulo 4 — Mestre Jacques Coppenole
Capítulo 5 — Quasímodo
Capítulo 6 — Esmeralda
Livro 2
Capítulo 1 — De Cila para Caribdes
Capítulo 2 — A Praça de Grève
Capítulo 3 — Beijos por Golpes
Capítulo 4 — Inconvenientes de Seguiras Mulheres Bonitas de Noite pelas Ruas
Capítulo 5 — Continuação dos Inconvenientes
Capítulo 6 — A Bilha Quebrada
Capítulo 7 — Uma Noite de Núpcias
Livro 3
Capítulo 1 — Nossa Senhora de Paris
Capítulo 2 — Visão Rápida de Paris
Livro 4
Capítulo 1 — As Boas Almas
Capítulo 2 — Cláudio Frollo
Capítulo 3 — Immanis Pecoris Custos, Immanioripse
Capítulo 4 — O Cão e oDono
Capítulo 5 — Continuação de Cláudio Frollo
Capítulo 6 — Impopularidade
Livro 5
Capítulo 1 — Abbas Beati Martini
Capítulo 2 — Isto Acabará com Aquilo
Livro 6
Capítulo 1 — Vista de Olhos Imparcial Sobre a Antiga Magistratura
Capítulo 2 — O Buraco dos Ratos
Capítulo 3 — História de Um Bolo de Farinha de Milho
Capítulo 4 — Uma Lágrima por Uma Gota de Água
Capítulo 5 — Fim da História do Bolo
Livro 7
Capítulo 1 — Perigo de Confiar Um Segredo a Uma Cabra
Capítulo 2 — Um Padre e Um Filósofo São Dois
Capítulo 3 — Os Sinos
Capítulo 4 — ΆΝÁΓΚΗ
Capítulo 5 — Os Dois Homens Vestidos de Preto
Capítulo 6 — Do Efeito Que Podem Produzir Sete Pragas ao Ar Livre
Capítulo 7 — A Alma do Outro Mundo
Capítulo 8 — Utilidades das Janelas Que Dão para o Rio
Livro 8
Capítulo 1 — O Escudo Transformado em Folha Seca
Capítulo 2 — Continuação do Escudo Transformado em Folha Seca
Capítulo 3 — Fim do Escudo Transformado em Folha Seca
Capítulo 4 — Lasciate Ogni Speranza
Capítulo 5 — A Mãe
Capítulo 6 — Três Corações de Homem Feitos Diferentemente
Livro 9
Capítulo 1 — Febre
Capítulo 2 — Corcunda, Zarolho, Coxo
Capítulo 3 — Surdo
Capítulo 4 — Barro e Cristal
Capítulo 5 — A Chave da Porta Vermelha
Capítulo 6 — Continuação da Chave da Porta Vermelha
LIVRO 10
Capítulo 1 — Gringoire Tem Algumas Boas Ideias na Rua dos Bernardins
Capítulo 2 — Faz-te Vadio
Capítulo 3 — Viva a Alegria!
Capítulo 4 — Um Amigo Desastrado
Capítulo 5 — O Retiro Onde Reza as Suas Horas o Senhor Rei Luís de França
Capítulo 6 — A Vadiagem Ataca
Capítulo 7 — Châteaupers Acode
Livro 11
Capítulo 1 — O Sapatinho
Capítulo 2 — La Creatura Bella Bianco Vestita (Dante)
Capítulo 3 — Casamento de Febo
Capítulo 4 — Casamento de Quasímodo
Introdução
H á de haver alguns anos, o autor deste livro, visitando, ou melhor, esquadrinhando a igreja de Nossa Senhora, encontrou, num obscuro recanto de uma das suas torres, esta palavra gravada à m ã o numa parede:
ΆΝ Á ΓΚΗ
Estas mai ú sculas gregas, j á negras de velhas, e profundamente gravadas na pedra, n ã o sei que sinais particulares da caligrafia g ó tica impressas nas suas formas e nas suas atitudes, como para indicar ter sido uma m ã o da Idade M é dia que os escrevera ali, e sobretudo a inten çã o l ú gubre e fatal que elas encerram, impressionaram vivamente o autor.
Perguntou para si mesmo, procurou adivinhar qual podia ser a alma angustiada que n ã o quisera abandonar este mundo sem deixar gravado na fronte da velha igreja esse estigma de crime ou de desgra ç a.
Depois, rebocaram ou rasparam (ignoro qual das duas coisas) a parede, e a inscri çã o desapareceu. Porque é assim que fazem desde h á uns duzentos anos com os maravilhosos templos da Idade M é dia. As mutila çõ es sucedem em toda a parte, dentro e fora. O padre reboca-os, o arquiteto raspa-os; depois, vem o povo que os deita por terra.
Assim, al é m da fr á gil recorda çã o que lhe dedica aqui o autor j á nada mais resta hoje da palavra misteriosa gravada na sombria torre de Nossa Senhora, nada do destino ignorado que t ã o melancolicamente representava. O homem que escreveu essa palavra nessa parede, apagou-se na mem ó ria das gera çõ es h á muitos s é culos j á ; a palavra, a seu turno, desaparecer á da parede do templo, como este desaparecer á da terra, muito breve talvez.
Foi sobre esta palavra que se escreveu este livro.
1 de mar ç o de 1831.
Livro 1
Capítulo 1 — A Grande Sala
Completam-se hoje trezentos e quarenta e oito anos, seis meses e dezanove dias que os parisienses despertaram ao repique de muitos sinos badalando no tr í plice recinto da Cidadela, da Universidade e da Cidade.
No entanto, do dia 6 de janeiro de 1482 a hist ó ria n ã o guardou mem ó ria. Nada havia de not á vel no acontecimento que assim agitava, logo de manh ã , os sinos e os burgueses de Paris. N ã o se tratava de um torneio de picardos ou de borguinh õ es, nem da condu çã o processional de uma rel í quia, nem de uma revolta de estudantes na vinha de Laas, nem de uma entrada do notredit tr è s redout é seigneur monsieur le roi, nem mesmo de um belo enforcamento de ladr õ es e ladras, na Justi ç a de Paris. N ã o era, tamb é m, o aparecimento, habitual no s é culo quinze, de qualquer embaixada, recamada e empenachada. Ainda n ã o tinham decorridos dois dias que a ú ltima cavalgada desse g é nero, a dos embaixadores flamengos incumbidos de concluir o casamento entre o delfim de Fran ç a e Margarida de Flandres, entrara em Paris, com grande pesar do senhor cardeal de Bourbon, que, para agradar ao rei, se vira obrigado a acolher com amabilidade toda essa turba r ú stica de burgomestres flamengos, obsequiando-os, no seu pal á cio de Bourbon, enquanto uma b á tega de chuva inundava à sua porta os magn í ficos tapetes.
Nesse dia, a 6 de janeiro, o que mettait en é motion tout le populaire de Paris, como diz Jehan de Troyes, era a dupla solenidade dos Reis e da festa dos Loucos, celebradas juntamente desde tempos imemoriais.
Nesse dia haveria fogueiras na Gr è ve, a planta çã o de maio na capela de
Braque e representava-se um mist é rio no Pal á cio da Justi ç a. Na v é spera, os alabardeiros do senhor preboste, trajando belas fardas de camale ã o violeta com cruzes brancas no peito, haviam lan ç ado o preg ã o pelas encruzilhadas, ao som de trompas. Logo pela manh ã , tudo fechado ainda, casas e lojas, uma multid ã o de burgueses e burguesas vindos de todos os pontos da cidade, ia a caminho dos tr ê s lugares designados. A escolha estava feita; uns optavam pelas fogueiras, outros pelo maio, outros pelo mist é rio. Diga-se sempre em honra do velho bom-senso dos basbaques de Paris, que a maior parte dessa multid ã o se dirigia para as fogueiras, divers ã o mais pr ó pria da esta çã o, ou para o mist é rio, que devia ser representado na grande sala do Pal á cio, bem abrigada e fechada; e que os curiosos eram todos concordes em deixar o pobre maio tempor ã o tiritar, sozinho, sob os rigores do c é u de janeiro, no cemit é rio da capela de Braque.
O povo concorria principalmente à s avenidas do Pal á cio da Justi ç a, porque era sabido que os embaixadores flamengos, chegados na antev é spera, tencionavam assistir à representa çã o do mist é rio e à elei çã o do papa dos Loucos, que tamb é m devia verificar-se na grande sala.
Nesse dia, n ã o era coisa f á cil entrar nessa grande sala, que no entanto passava ao tempo por ser o maior recinto coberto do mundo. A pra ç a do Pal á cio, apinhada de gente, oferecia aos curiosos das janelas o aspeto de um oceano, no qual cinco ou seis ruas, como outras tantas embocaduras de rios, iam despejar a cada instante novas vagas de cabe ç as. As ondas dessa multid ã o, engrossando incessantemente, iam esbarrar de encontro à s esquinas das casas que avan ç avam aqui e al é m, como outros tantos promont ó rios, no recinto irregular da pra ç a. Ao centro da alta fachada g ó tica do Pal á cio, a grande escadaria, por onde subia e descia ininterruptamente uma dupla corrente, que depois de quebrar-se no patamar